Comercio | NERD Mitológico


Os fenícios foram alguns dos maiores comerciantes de seu tempo, e deviam muito de sua prosperidade ao comércio. Inicialmente mantinham relações comerciais apenas com os gregos, vendendo madeira, escravos, vidro e a púrpura de Tiro em pó. Esta célebre tinta de forte cor púrpura era muito usada pela elite grega para colorir suas vestes; o termo fenício vem do grego antigo phoínios, que significa “púrpura”.

 À medida que o comércio e o processo de colonização se espalhou sobre o Mediterrâneo, os fenícios e gregos parecem ter, de maneira inconsciente, dividido aquele mar em duas partes; os fenícios navegavam pela (e eventualmente dominaram) parte meridional do mar, enquanto os gregos mantinham suas atividades nas costas setentrionais. As duas culturas se confrontaram muito esporadicamente, como na Sicília, que eventualmente foi repartida em duas esferas de influência, a fenícia no sudoeste e a grega no nordeste da ilha.
Após 1200 a.C., os fenícios foram por séculos a principal potência naval e mercantil da região. O comércio fenício foi fundado com base na tinta conhecida como púrpura tíria, uma tinta de um púrpura profundo, derivado da concha do molusco gastrópode Murex, que anteriormente era encontrado com abundância nas águas costeiras do leste do Mediterrâneo, e que acabou sendo extinta. As escavações de James B. Pritchard em Sarepta, no Líbano atual, mostraram conchas esmagadas do molusco, e recipientes de cerâmica manchados com a tinta produzida no local. Os fenícios fundaram um segundo centro de produção da tinta em Mogador, no atual Marrocos. Produtos têxteis de cores brilhantes eram símbolos característicos de riqueza na sociedade fenícia, bem como o vidro, outro importante item de exportação. Os fenícios também trouxeram para a região do Mediterrâneo cães de origem africana e asiática, que acabaram por dar origem a diversas raças locais. O Egito, onde as vinhas não podiam ser cultivadas devido ao clima, comprava vinho dos fenícios do século VIII; este comércio está documentado de maneira destacada nos navios naufragados descobertos em 1997 no alto-mar, a 30 milhas a oeste de Ascalão. Fornos de cerâmica em Tiro e Sarepta produziam as grandes jarras de terracota usadas para o transporte do vinho; o Egito pagava com ouro vindo da Núbia.
De outros lugares obtinham diferentes materiais, dos quais talvez os mais importantes sejam a prata, obtida da península Ibérica, e o estanho, da Grã-Bretanha (este último era fundido com o cobre (do Chipre), criando uma liga metálica mais durável, o bronze. Estrabão afirma que existia um comércio altamente lucrativo entre a Fenícia e a Britânia.
Os fenícios estabeleceram entrepostos comerciais ao longo do Mediterrâneo, dos quais o mais importante, estrategicamente, era Cartago, no Norte da África. Antigas mitologias gaélicas mencionam um influxo de fenícios/citas à Irlanda, liderados por Fênio Farsa. Outros fenícios também navegaram para o sul, ao longo da costa africana; uma expedição cartaginesa liderada por Hanão, o Navegador, explorou e colonizou o litoral atlântico da África até o golfo da Guiné, e, de acordo com Heródoto, uma expedição fenícia enviada para o mar Vermelho pelo faraó Necho II do Egito, por volta de 600 a.C., chegou até mesmo a circunavegar o continente e retornar, passando pelos Pilares de Hércules (o estreito de Gibraltar) três anos depois.

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